Victor Ferron. Desenvolvimento de Negócio Portugal | Grupo BigMat Iberia
"O Panorama atual das Centrais de Compras de Materiais de Construção e Bricolage (CCMCB) em Portugal: Desafíos, Ameaças e Oportunidades"
Portugal testemunhou nos últimos anos um crescimento significativo no setor dos materiais de construção, impulsionado pela recuperação económica e pela demanda crescente por infraestruturas e habitação. Neste cenário dinâmico, as centrais de compras emergem como atores-chave, facilitando a aquisição eficiente de produtos e serviços para os armazéns nacionais.
No entanto, apesar das oportunidades oferecidas pelo crescimento do setor, as centrais de compras enfrentam uma série de desafios que precisam de ser enfrentados estrategicamente para garantir a sua credibilidade e, como tal, a sua viabilidade a longo prazo.
Oportunidades Emergentes
O setor de materiais de construção em expansão proporciona um terreno fértil para o desenvolvimento das centrais de compras. Estas organizações desempenham um papel crucial ao reunir a demanda dispersa de múltiplos armazéns independentes. Ao consolidar forças, as centrais não só podem negociar melhores preços e condições, nomeadamente rappels aliciantes com os fornecedores, mas também oferecer uma gama mais ampla de produtos aos seus associados ou sócios.
Um aspeto distintivo do mercado português é a presença significativa de armazéns independentes, muitos dos quais operam sem acesso a informações imparciais sobre produtos e preços. Esta dependência dos comerciais, principalmente dos comissionistas, cria um ambiente propício para práticas comerciais tendenciosas e limita a capacidade dos armazéns de tomar decisões com conhecimento e informação neutra.
Desafios Enfrentados
Um dos principais desafios para as centrais de compras é a fidelização dos seus sócios ou associados com os fornecedores homologados. A falta de uma relação sólida e de confiança mútua pode comprometer a eficácia do modelo de centralização de compras. A superação deste obstáculo requer, não apenas a implementação de programas de fidelização, mas também um esforço contínuo para promover uma cultura de transparência e colaboração entre os três vértices do triângulo: Central, sócios ou associados, e fornecedores.
Além disso, a padronização de produtos e fornecedores é um desafio significativo. A diversidade de preferências e necessidades entre os seus membros pode dificultar a criação de uma oferta uniforme. No entanto, esta uniformização é crucial para competir efetivamente com as grandes superfícies de distribuição orientadas quer ao publico DIY quer ao PRO, que muitas vezes têm a vantagem de volumes de compra massivos e uma oferta consistente, fruto de um sortido estabelecido centralmente com, é certo, alguma flexibilidade para especificações locais.
Ameaças Existentes
O individualismo persistente entre os armazéns que não pertencem a uma central de compras representa uma ameaça considerável. Mas também muitos membros das CCMCB operam com uma mentalidade muito a curto prazo, priorizando igualmente os interesses individuais próprios de um perfil estritamente “negociante”. Esta fragmentação enfraquece a capacidade das centrais de compras para alcançar economias de escala e oferecer vantagens competitivas consistentes aos seus associados.
Também, a crescente influência das grandes superfícies comerciais representa outra ameaça significativa. Estas corporações têm recursos para movimentar volumes de compra substanciais, o que lhes confere poder de mercado significativo. As centrais de compras precisam diferenciar-se, não apenas pelos preços competitivos, mas também pela oferta de serviços de valor acrescentado, como consultoria em gestão de custos e otimização operacional que lhes permita exprimir a sua conta de resultados sem depender exclusivamente da margem comercial sobre os produtos vendidos.
Estratégias para o Futuro
Para garantir a sua relevância e sustentabilidade no mercado, as centrais de compras devem adotar uma abordagem estratégica e multifacetada, colocando o foco no desenvolvimento do ponto de venda e na estratégia de preço/produto, além de investir em tecnologias avançadas de gestão da cadeia de abastecimento, promover a colaboração entre os parceiros e associados, e desenvolver programas de formação e de sucessão para assegurar a continuidade das empresas familiares.
A criação de uma rede coesa e bem integrada é essencial para enfrentar os desafios atuais e futuros. As centrais de compras têm a oportunidade não apenas de consolidar sua posição no mercado, mas também de liderar a transformação do setor de materiais de construção em Portugal, com um compromisso contínuo com a inovação e a excelência operacional.
À medida que o setor de materiais de construção em Portugal continua a expandir-se, as centrais de compras têm um papel crucial a desempenhar na moldagem do futuro do mercado. Ao enfrentar os desafios com determinação e aproveitar as oportunidades com visão estratégica, estas entidades estão bem posicionadas, tal como aconteceu noutros países europeus (França, Alemanha ou na vizinha Espanha) para impulsionar o crescimento sustentável e promover a eficiência no setor. A colaboração, a inovação e o compromisso com a qualidade serão fundamentais para o sucesso das centrais de compras em Portugal.
















