No passado dia 19
de junho, o Jornal dos Armazéns lançou na sua newsletter uma sondagem
com a seguinte pergunta: Qual achas que é o principal problema que enfrenta
o armazém de materiais de construção?
Ao todo, foram
recebidas 96 respostas provenientes de armazéns de materiais de construção que
participaram na sondagem, cujos resultados podem ser consultados na imagem.
Desde já, devo dizer que os resultados não me surpreenderam minimamente, tendo em conta a realidade do setor. No entanto, talvez esperasse uma percentagem mais elevada nas opções “formação” e “digitalização”. As respostas demonstram de forma clara que o principal problema do nosso setor é a sua excessiva atomização. Importa referir, no entanto, que se o setor não fosse tão atomizado, é possível que a opção mais votada não tivesse sido “as grandes superfícies”. Um ponto a refletir.
Começa também a ganhar forma a preocupação com a falta de mão de obra no setor. Trata-se de um problema identificado já há algum tempo, mas que, mais recentemente, está a ganhar cada vez mais relevância e urgência.
Quanto à
excessiva atomização do setor, tenho algumas dúvidas sobre como irá evoluir até
que se atinja um número total de armazéns mais alinhado com as reais
necessidades da procura. Há quem defenda a concentração como uma forma de
mitigar, em parte, este problema. Mas é difícil imaginar qualquer processo de “concentração” quando estamos
a falar de cerca de 1.000 armazéns de materiais de construção, sendo que praticamente 85% deles apresentam um
volume de faturação anual em torno de um milhão de euros — ou até menos.
Por isso mesmo, e enquanto isso (permita-se-me a expressão), acredito que é fundamental impulsionar a digitalização do setor e reforçar a aposta na formação dos colaboradores dos armazéns. Neste sentido, a digitalização é um processo imparável que nos pode tornar mais eficazes, produtivos e sustentáveis. Mas é necessário saber aproveitá-la através de uma profunda mudança de mentalidade.
A formação, por sua vez, será cada vez mais imprescindível, tendo em conta o aparecimento de novos materiais e de novos sistemas construtivos. E, em matéria de digitalização e políticas de formação, as grandes superfícies não estão assim tão mal. E em Portugal, mal começaram.
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